sábado, 25 de fevereiro de 2012

Soneto De Branco

Me honro a profissão, seu moço. Faço tudo com o pop que me manda. 
Faço parte do peso político que me ensina a planejar e depois fazer.
Então onde fiz de errado nesse lado? Então onde foi parar o lado certo?
Por que eu comecei lá e acabei... Onde mesmo que acabei?

Meu artigo nem publicado foi. E agora sigo a profissão certa?
Até cacei neoplasias pra ver se meu coração tava maior, mas não. 
Fiz biópsia e cirurgia  e o resultado foi só um pedaço dele embora.

E agora? Pra onde vou? Restou um remédio.
Caro. Demorado. Afeta a barreira encefálica. Afeta todo o resto.
Só que antes se dissolve as memórias no copinho. Pra depois beber de volta.
E o ciclo é vicioso assim. Assim como o cheiro. Ah, o cheiro é éter. 

Agora restou apenas o tratamento. Chamo enfermeira. Chamo médico. Até me chamo sem mesmo querer.
Chamo batido. Na farmácia não tinha relógio. Nem máquina. E o tempo ficou parado.
Parou. Passou. Mudou? Devolve o câncer da segunda estrofe. Tá fazendo uma falta, seu moço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário